A poeta ou a poetisa? “Poeta” pode ser masculino ou feminino

Uma mulher que escreve poesia é uma poeta ou uma poetisa? Novamente, para o desespero dos boçais linguísticos que odeiam a riqueza da língua portuguesa, por lhes privar do prazer de apontar erros aos demais e corrigi-los, é este um caso em que tanto faz: “a poeta” é forma tão correta quanto “poetisa”, como se lê em boas gramáticas atualizadas e na mais recente edição do Dicionário Houaiss:

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Como mostra o Dicionário Houaiss, poeta, hoje, é um substantivo de dois gêneros: pode dizer-se “o poeta” ou “a poeta”. Mesmo assim, o Houaiss prefere explicitar: “a palavra poeta pode ser usada para homens e mulheres“.

Embora “poetisa” seja a forma tradicional e continue a ser absolutamente correta, há grande número de mulheres poetas que preferem ser chamadas de “poeta”.

Note-se que não é caso único da palavra “poeta” (as mulheres cônsules também há muito já preferem ser chamadas aqui, rejeitando a forma “consulesa”, hoje de uso restrito às esposas de cônsules), nem é capricho da língua portuguesa: em francês é considerado correto o uso de “la poète“, e, em espanhol, de “la poeta“, ao lado das formas flexionadas. São opções que as línguas têm.

De resto, o que se deu em português com a palavra “poeta”, que os antigos dicionários (e os ainda desatualizados) traziam como substantivo feminino, é o mesmo que se deu com várias outras da língua, de que são exemplos cônsuloficial marechal – que, tradicionalmente, eram substantivos apenas masculinos, sendo tradicionalmente de regra o uso, no feminino, das formas flexionadas consulesaoficialamarechala, mas que hoje já caíram em desuso, sendo substituídas pelas neutras “a cônsul“, “a oficial“, “a marechal” – formas hoje tão corretas quanto “a poeta” (ou ainda como a hoje majoritária, porém relativamente inovadora forma “a presidente“).