O deus do vinho era Dioniso (ou Baco), e não *Dionísio

bacchus03

É provavelmente o erro mais cometido em língua portuguesa no que tange à mitologia: chamar o deus grego da uva e do vinho de DionísioO nome correto do deus, como se pode ver em boas enciclopédias, dicionários e nas obras de referência de mitologia, é Dioniso.

Dioniso é o equivalente grego do Baco dos romanos.

A confusão ocorre muito tanto no Brasil quanto em Portugal porque Dionísio é um nome português relativamente comum, que existe há séculos, mas que significa, exatamente, “relativo a Dioniso“. É, assim, um sinônimo de dionisíaco.

Por mais disseminado que esteja o erro, não faz sentido, portanto, chamar o deus de Dionísio, uma vez que o próprio nome “Dionísio” significa originalmente algo relativo ao deus Dioniso.

(Posteriormente, em Portugal, o adjetivo dionísio passou a usar-se também como relativo ao nome Dinis – assim, o período da história portuguesa referente a Dom Dinis, por exemplo, também é chamado dionísio, ou dionisíaco.)

Em outras línguas, igualmente, não existe “i” algum na terminação do nome: o deus se chama Dioniso também em espanhol, em galego e em italiano, Dionysus em inglês e Dionysos em francês e no original em grego.

Em geral, os dicionários acertam: ao procurar “dionisíaco”, encontramos na definição a grafia correta, Dioniso, no dicionário Aurélio, no Michaelis, no Priberam, etc. O dicionário da Porto Editora, de Portugal, traz um artigo inteiro sobre o deus, também com o nome correto. A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira também diferencia corretamente Dioniso de dionísio:

content

Tanto o Dicionário Onomástico de José Pedro Machado quanto o Vocabulário do português Rebelo Gonçalves trazem os dois nomes – Dionísio e Dioniso -, explicitando a diferença: Dionísio é um nome comum de homens em Portugal, enquanto Dioniso é o nome do deus grego.