Palavras da Galiza

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Esta página reúne palavras típicas da Galiza, isto é, vocabulário galego típico. A maior parte das palavras listada também se usa ao menos regionalmente em países lusófonos, sobretudo no norte de Portugal:

acougo: sossego

acougar: sossegar

adoitar: costumar, ter por costume

aginha: rapidamente; logo

aldraje: ultraje, injúria

alugueiro: aluguel

alviscar: enxergar, começar a ver

amorodo: morango

anaco: pedaço

anho: cordeiro

ânima: alma

aperta (s.m.): abraço

asinha: rapidamente; logo

assejar: espreitar

avelainha: mariposa, traça

axejar: espreitar

ázio: cacho (de uvas)

bágoa: lágrima

brêtema: névoa; chuva

briço: viçoso

cabaça: abóbora

calacu: abóbora

caluga: nuca, cogote, costas

castrapo: portunhol

cativo: criança

cuxo: bezerro, cria da vaca

cabuxo: 1. cabrito, cria da cabra; 2. raiva, mau humor, enfado

cágado: girino

chucho: beijo

congoxa: angústia

crego: clérigo

deda: dedo do pé

encabuxar, encabuxar-se: irritar; ficar bravo

enxebre: sem mistura, puro

eslaquizar, esnaquizar: despedaçar, fazer em pedaços (nacos)

façula: bochecha

fento: samambaia

fervença: catarata, cachoeira

geonlho: joelho

golpe: raposa-vermelha, raposa (Vulpes vulpes)

javaril, javarim: javali

laquizo: pedaço

léria: blablablá, falatório; brincadeira

lôstrego: relâmpago

mália: apesar de

maniotas: dores nos músculos que surgem após exercício físico

maruxia: maresia

meiga: bruxa

meigo: bruxo

meirande: maior

mentres: enquanto

mercar: comprar

moa: dente

moxete: beliscão

mungir: ordenhar

muxica: chispa, faísca

nai: mãe

quiçais: quiçá, talvez, quem sabe

quiçabes: quiçá, talvez, quem sabemazas.jpg

papanduxa (ou papanduxo): maçã assada no forno

pardejo: pardal

pataca: batata

pechar: fechar

perfeba: cílio, pestana

peto: pica-pau

ponher: pôr

porcoril: cruzamento de porco com javali; javaporco

renher: repreender

rifar: brigar

sapo-concho: cágado

tirabeque: ervilha

u: onde

ulo: onde está ele

umedém: umidade

vacuxo: bezerro

verbo de: acerca de, sobre

xácia: sereia de rio

xato: bezerro, cria da vaca

xurdimento: surgimento

xurdir: surgirimg_4861

xuxo: doce de massa fermentada enrolada e recheada de creme

37 comentários sobre “Palavras da Galiza

  1. Primeiro, a AGLP xa se adicou á tarefa de reuni-lo léxico da Galiza (https://www.academiagalega.org/publicacoes/lexico-da-galiza.html).
    Segundo, se fas uma seção de palavras da Galiza; polo menos inclui palavras que não apareçam nesse léxico. Exemplos: che, moi, ca, coma, castelam/castelão, auga, larpeirada, labaçada, acó, aló, acolá, adicar, xalundes, poboação/poboar, calonha (calúnia), meirande (maior/mor), chiar (as adaptações galegas do Twitter), anaco (equivalente de cacho ou bocado), hogano (actualmente, este ano)… ou as do Dicionário galego de futebol (http://www.agal-gz.org/corporativo/images/stories/pdf/dicgalfut.pdf) coma canear, escordadura, fungueiraço, furo, furolo e rebúmbio. E porque arestora não se me ocorrem mais exemplos, que se não poderia ocupar todo o comentário.
    Outrosi estão “feito” e “verbo de”.
    Feito/facto/fato são variantes duma mesma palavra. Mais, a palavra evoluiu de distinto jeito na Galiza, en Portugal e no Brasil a partir da raíz latina factu. Os portugueses foron os mais conservadores, por dicilo dalgum jeito. Simplemente, trocaron o u polo o. No Brasil, caiu o c intervocálico; como pasou em moitas outras palavras. Mentres, na Galiza não sei moi bem o que pasou (não sei como evoluem as palavras do latín pró português nem pra nenguma outra língua), mais o u final trocouse polo o e o “ac” trocouse polo “ei”. Não sei moi bem porque.
    “Verbo de” é uma expresão galega que é sinónimo de “acerca de”, “sobre”, “com respeito de”… Pode-se pesquisar no dicionário da Real Academia Galega. Tamém aparece nos comentários deste artigo https://dubidasdogalego.wordpress.com/2012/12/14/encol-de/.
    Outra palavra que não sei se tem a mesma aceção no português ca no galego é “pulo”. Acó é sinónimo de “impulso” e de “salto”/”chouto”/”chimpo”/”brinco”/”pincho”.
    Tamém che faltou inclui-la “pataca” (recollida no Estraviz), um dos alimentos co que mais nos identificamos os galegos. Nos países lusófonos, penso que a este tubérculo lhe chamades “batata” (não sei se hai alguma excecão).
    Terceiro, a Galiza está dividida em 3 grandes blocos linguisticos (https://gl.wikipedia.org/wiki/%C3%81reas_ling%C3%BC%C3%ADsticas_do_galego, http://consellodacultura.gal/arquivos/asg/anosafala.php, http://auladelingua.blogaliza.org/unidades-didacticas/variedades-dialectais/, http://www.edu.xunta.gal/centros/ieschapela/node/151, http://www.blogoteca.com/pontecesuresgalego/index.php?cod=107431). “Nai” é a forma normativa e a que se di no bloco occidental. No bloco central di-se “mai”. No bloco oriental, não sei; mais suponho que eles não dim nai (dirám mai ou madre). Se inclúes nai, tamém terias de incluir “ti” (a metade occidental da Galiza di “ti” e a metade oriental di “tu”), catro/cal (só nas partes limítrofes con Portugal dim quatro/qual), moito/loitar/escoitar (só em pequenas zonas da Galiza dim muito/muto/lutar/escutar… http://webspersoais.usc.es/export/sites/default/persoais/henrique.monteagudo/Descargas/Gran_Enciclopedia_Galega.pdf e http://www.slideshare.net/landin/bloques-e-reas-lingsticas-do-galego-noem-paz). O caso é que “nai” só é uma variedade; não é uma palavra característica de toda a Galiza (só de meia Galiza, ainda que isso si, é a metade mais poboada da Galiza; xa que ai estão as cidades da Corunha, Santiago de Compostela, Vigo e Pontevedra). De feito, se um dia mudassem a normativa e a forma normativa pasase a ser mãe; pois penso que deixaria bem satisfeitos aos do bloco central e oriental (Lugo, Ourense, Ancares, Courel…). Engado uma cousa dos mapas linguísticos: no bloque central di-se irmao/irmau, mao/mau…
    E quarto, deixo-che um enlace á blogues que tratan da língua galega que penso que che poden ajudar pra fazer essa entrada (se é que não conhecias esses blogues):
    https://dubidasdogalego.wordpress.com/
    https://debullandoafala.blogspot.com.es/
    https://estensiondogalego.wordpress.com/
    http://ciberdubidas.blogspot.com.es/

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    • Gratíssimo, galego, vou ver tudo com curiosidade. Conheço o vocabulário da Galiza, mas, justamente por tê-lo achado deficiente e com erros inaceitáveis, preferi começar, devagar, uma versão nossa. O que me surpreendeu (negativamente) no vocabulário da Academia Galega foi o excesso de “hiperenxebrismos” gráficos: um monte de ç/j/g onde claramente deviam ser z/x, e vários v por b e b por v, que aparentemente a Academia substituiu para ficar o mais diferentes possível da normativa oficialista galega. Falo, por exemplo, de abondo (normativa oficialista galega e idêntico em português e a que mais faz lógica etimologicamente, mas que a Academia quis escrever avondo apenas para diferenciar-se), corniçó/cornizó, idem; briza; brancuxo; papanduxa; biosbardo; etc.

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      • Pode que o reintegracionismo estea a ir um pouco longe nisso de querer diferenciarse do galego oficial. Ou mais bem, algumas pessoas em concreto. Em todo o caso, o vocabulário serve como base. Digo como “base”, porque como xa apontei eu antes e como apontaches ti, tem erros e fáltanlhe palabras. Mais, é uma base dende (no galego estão admitidos desde/dende/des, esta última pouco usada) a que começar. Sempre é melhor isso ca rem.
        O de “abondo” tamém é recolhido polo Estraviz e etimologicamente seria o correto. Mais não entendo porque o mesmo Estraviz e o Priberam tamém recolhem “avondo”.
        Cal é o critério que utilizades no português pra diferencialos b dos v? Pronunciades de distinto jeito estas letras? Na Galiza, não diferenciamos entre o b e o v; co cal estabelecimos como critério a etimologia, como se pode ver no punto 1.1 das “Normas ortográficas e morfolóxicas do idioma galego: http://academia.gal/documents/10157/704901/Normas+ortogr%C3%A1ficas+e+morfol%C3%B3xicas+do+idioma+galego.pdf. Porém, no português não é assi; e isso a erros desse tipo.
        Um termo parecido a “idem” existente na Galiza (ou nalgumas zonas da Galiza, diria eu) é “ite” (http://portaldaspalabras.gal/lexico/palabra-asinada/ite/). Penso que esta palabra é um regionalismo na Galiza, como se pode deducir ao ler este artigo. Eu nunca a escoitei, mais eu não som de Aguiño, nem dessa zona (nem de perto). Tampouco a escoitei na tele e na rádio, xa que se não aparece nos dicionários, libros ou obras linguísticas, quem vai conhecela sua existência. Não está moi extendido o seu uso, não, mais é uma palabra bonita e hai que tentar recuperala.
        Depois, tamém está “ouricela” (http://portaldaspalabras.gal/lexico/palabra-asinada/ouricela/). Penso que no “Portal das palabras” podes atopar artigos linguisticamente úteis. É uma página ligada á Real Academia Galega, como poderás ver.

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        • Caro galego, interessante o ite de vocês – parece-me que quando dizem “quedamos ites”, nós diríamos “ficamos quites”. A ouricela acabo de identificá-la – vou ver se escrevo a respeito, é de fato uma linda palavra que não se pode perder. Quanto aos usos do b/v, guiamo-nos pela pronúncia, já que em português (como em francês, inglês, italiano, etc.), b e v soam sempre diferente. Em alguns poucos casos se admitem duas grafias, porque existem as duas pronúncias (como assobiar / assoviar).

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  2. Um anho não é um carneiro; é uma cria de ovelha (e tamém de carneiro, claro, mais é uma cria). Esta definição tamém está recolhida no Aurélio, no Priberam, no Estraviz, no dicionário da RAG, na minha casa…
    Inclui a “perfeba”, sinónimo de “pestana”; como bem recolhe o Estraviz. E o verbo “encabuxar” (ou “encabujar”, que é a forma que trague o Estraviz), que se forma coa segunda aceção de “cabuxo”.

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  3. Por agora, vas bem. Segue assi.
    Mais, um apontamento. Na Galiza, amais de fento, tamém se di fieito e felgo (e, incluso, “folgueira”; segundo o dicionário da RAG, ainda que desconheço este termo). Na minha zona, por exemplo, dizemos “felgo”. Noutras dim “fieito”, noutras “fento” e suponho que tamém haverá zonas nas que a forma predominante é “folgueira”.
    Pódese entende-la grande cantidade de palavras pra um mesmo termo, tendo en conta que na Galiza hai moito monte. E que hai nos montes? Pois eucalipto, pinheiro, carbalho, castinheiro, felgo, toxo…

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  4. Vulpes vulpes – raposa-vermelha (ou raposo comum). A mais, na Galiza tamém se lhe chama “golpe”. Hai zonas onde a este animal se lhe chama “golpe” e outras nas que se lhe chama “raposo”; na minha zona dizemos “golpe”. Podes consultar este termo no Estraviz, ou podes consultalo artigo do raposo comum na Galipedia (a Wikipédia en galego) e nestoutro artigo (http://www.blogoteca.com/coamarea/index.php?cod=110142).

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  5. xácia = sereia
    Bem, não exatamente. Malia que são a mesma espécie (ou quase); há uma diferença entre elas e é que as sereias adoitam viver na auga salgada, no mar; mentres que as xácias vivem na auga doce, nos rios.
    Ainda que, isso sim, “sereia” é o termo mais parecido que se pode atopar. A não ser que lhe ponhas “sereia que habita nos rios”.

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  6. Xa que estamos a piques de chegar ao Nadal (acó polo menos. Como no Brasil estades no verão; não sei), as panjolinhas (panxoliñas, na normativa oficial do galego) são um termo exclusivo da Galiza ou existe noutros lugares da lusofonia? São um sinónimo de vilancico.

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  7. Podes fazer um artigo verbo do verbo “soer”. No Priberam pom que é pouco usado. Nom conheço a situaçom de Portugal, do Brasil, Angola… mais na Galiza iste verbo é bastante usada, mais ca “adoitar”; diria eu. Contudo, o seu uso considera-se ũa influência do castelão, um castelanismo. De feito, ista forma nom é normativa; apenas “adoitar”.

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  8. Eu não sei se os portugueses soem dizer ou escrever soer; os brasileiros não o soemos escrever, embora não nos seja desconhecido e, de fato, nos faça, ou me faça lembrar lembrar o soler espanhol. Também não soemos dizer nem escrever saber no sentido de ter sabor, como em “Este doce sabe a limão”, ou “Soer sabe a português arcaico”. Eu sou da opinião que nos soem saber a velharias aquelas palavras que não usamos, mas podemos resgatá-las e dar-lhes nova vida. No blogue do Guégués alguém descobriu uma palavra antiga que tradu o neologismo inglês downburst: bulcão. Pronto: renasceu, mas só terá longa nova vida se se usar.

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    • O que nom acabo de ter claro é se se deveria escrever “peirão” ou “peirau”. A pronúncia é ista última; ò igual ca pau, bacalhau e (na minha zona) irmau, mau…
      Na ortografia da RAG é “peirao”, o Estraviz recolhe “peirão” e a AEG di que tem de ser “peirau”.
      Entendo que o ditongo -ão indica que ũa palavra se deve pronunciar -au. Isse til, se nom me trabuco, fai referência ò n latino que se perdeu. Por isso grafamos “pau” e nom “pão” ou “bacalhau” e nom “bacalhão”, já que aí nom se perdeu nengum “n” da etimologia original. O probrema é isse: Cal é a etimologia de “peirau”? Nom avendo nengũa certeza e suponhendo que puido ter nacido ou que puido manter-se até os tempos odiernos pola sua similitude com “nau” (como indica a AEG), acho que o máis lógico é grafar “peirau”.

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