“Bem-vindo”, “bem vindo” ou “benvindo”?

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O certo é bem-vindo, benvindo ou bem vindo? Na hora de fazer uma placa para bem receber quem chega, escreva “bem-vindo” ou “bem-vinda”, com hífen. Por quê? Simplesmente porque, por convenção, essa é a forma ortográfica e socialmente aceita.

É aleatório? É, sim. A grafia poderia ser “benvindo”? Poderia, sim – aliás, não só poderia como até pouco tempo atrás “benvindo” era forma correta, devidamente constante do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras, que desde sua primeira edição, de 1977, trazia “benvindo” como sinônimo de “bem-vindo” – e assim ficou, no VOLP da Academia Brasileira de Letras, até 2004. Apenas em 2004 a ABL “decidiu” que benvindo não era mais correto.

E essa decisão da ABL teve respaldo, talvez, no novo Acordo Ortográfico? Não, pelo contrário: o novo Acordo Ortográfico, a respeito do uso de hífen com o prefixo “bem”, afirma exatamente o seguinte:

4º) Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios “bem” e “mal”, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio “bem”, ao contrário de “mal”, pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado; bem-criado (mas malcriado), bem-ditoso (mas malditoso), bem-falante (mas malfalante), bem-mandado (mas malmandado), bem-nascido (mas malnascido), bem-soante (mas malsoante), bem-visto (mas malvisto). Observação: Em muitos compostos, o advérbio “bem” aparece aglutinado com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, etc.

Como se vê no trecho acima, o Acordo explicitamente evitou ser taxativo a esse respeito, e furtou-se de resolver definitivamente a questão, deixando a regra aberta à discricionariedade. Pelo texto legal, tanto se poderia entender que se deve escrever “bem-vindo” (a exemplo de “bem-criado” e “bem-visto”) quanto “benvindo” (a exemplo de “benfeito”, “benquisto”, etc.).

É um erro absurdo, portanto, escrever “benvindo” ou “benvinda”? Não, longe disso. São grafias também tradicionais – aliás, são também nomes muito comuns em alguns países lusófonos, “Benvindo” e “Benvinda”. Mas, por pura convenção, as formas “bem-vindo” e “bem-vinda” são as (arbitrariamente) consideradas corretas hoje.

De modo que, para evitar o mau julgamento daqueles que não conhecem nem entendem regras de português (mas só sabem repetir o que leem), o recomendável é escrever (exceto, naturalmente, nos nomes próprios) “bem-vindo” e “bem-vinda”.