Pimbolim, pebolim, totó e matraquilhos: vários nomes do futebol de mesa

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Uma invenção europeia (como o próprio futebol), o futebol de mesa é invenção disputada por várias nacionalidades.

Nos EUA, é conhecido como foosball – adaptação de Fußball, palavra alemã para futebol (o de verdade, não o de mesa), o que reflete o fato de o jogo de mesa ter sido recebido no país como invenção dos alemães.

Os espanhóis, porém, consideram o que chamam futbolín uma invenção sua (o futbolín espanhol diferencia-se da maioria das variantes internacionais apenas por ter o campo abaulado para baixo, impedindo que a bola fique parada, e pelos bonecos dos jogadores, que têm as pernas abertas).

É muito provavelmente o termo futbolín que terá influenciado a criação, no Brasil, dos nomes pebolim e pimbolim – que ocorrem principalmente na porção meridional do país, em oposição à outra metade do País (Rio de Janeiro, Espírito Santo, maior parte de Minas Gerais e Regiões Norte e Nordeste), onde o futebol de mesa é chamado totó (nome de provável origem onomatopeica, ou derivada de “toque-toque”).

Pebolim, forma usada sobretudo em São Paulo, no Paraná e no sul de Minas Gerais, terá possivelmente por origem uma decisão, motivada por purismo linguístico, de “tradução” popular do nome do jogo tão popular na Espanha: algum brasileiro terá querido traduzir o “fut” de “futbolín” (do inglês foot) por “pé”, gerando “pé”+”bolim” = “pebolim”.

Já no caso do pimbolim, é clara a origem expressiva da primeira sílaba (e sua associação com o vocábulo pimba).

Os dicionários brasileiros, porém, não registram ainda a forma pimbolim – apesar de ser esta a forma mais utilizada em todo o estado do Rio Grande do Sul, em todo o estado de Santa Catarina, em parte significativa do Paraná – embora registrem o “pebolim” dos paulistanos como sinônimo de “totó” – o que não surpreende, dado o conhecido “foco” nos dialetos do Rio de Janeiro e da capital de São Paulo das principais editoras brasileiras. Não deixa de ser curioso, porém, que sequer o significado de “pimba” como chute conste ainda do Houaiss ou do Aurélio  mesmo tantos anos após a popularização nacional de expressões como “pimba na gorduchinha“.

[Atualização: Logo após esta publicação aqui no www.DicionarioeGramatica.com, o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa adicionou a palavra pimbolim, como sinônima de pebolim, totó e matraquilhos.]

pimbolim, forma correta, coerente e bem registrada e documentada há décadas, ganhou destaque recentemente em Portugal, onde, em popular comercial de televisão, o ex-treinador de ambas as seleções nacionais Luiz Felipe Scolari, o Felipão, “ensina” aos portugueses algumas palavras de português brasileiro: aeromoça, por aqui, é a profissão que os portugueses chamam “hospedeira; açougue é talho; trem é comboio; e pimbolim é matraquilhos“.

Em que pese sua ausência do Houaiss ou do Aurélio, há, sem dúvida, vasta gama de “fontes” que atestam o uso de pimbolim, nessa forma, há décadas, e como variante conhecida não apenas no Sul do Brasil, mas também em São Paulo e no Rio de Janeiro. Deixo, a seguir, algumas das várias fontes que atestam a palavra, na esperança de facilitar a vida de nossos lexicógrafos profissionais:

 

Atualização: O trabalho acima não foi em vão; logo após esta publicação, o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa adicionou a palavra pimbolim como sinônimo de pebolim, totó e matraquilhos.